TERAPIA COM ANIMAIS, CONCEITO CAUSAS E EFEITO





6) -- CONCEITO DA TERAPIA COM ANIMAIS


















Terapia com animais: mãos e patas unidas


imagem: terapia com animasA companhia de um animal de estimação é sempre gratificante. Quem não quis ter um cão ou um gato na infância?
Uma casa com a presença de um animal tem uma energia diferente, positiva. As alegrias do contato com os bichos, no entanto, são apenas um dos aspectos do que chamamos de interação homem-animal. Os benefícios, para animais e para o homem, vão muito além.
A ciência vem comprovando que os bichos colaboram muito no tratamentos de doenças, auxiliando na recuperação de pacientes. Esse trabalho já é uma realidade em alguns países, como EUA e Bélgica e começa a ser implantado no Brasil. Chama-se Terapia Assistida por Animais (TAA). Funciona da seguinte maneira: profissionais ligados à saúde, como fisioterapeutas, psicólogos e pedagogos utilizam cães ou gatos para incrementar o tratamento de seus pacientes. Por exemplo: um garoto sofre de dificuldades motoras devido a um acidente de carro. O fisioterapeuta adepto da TAA pode adotar a ajuda de um cão nos exercícios de recuperação de movimentos. O que poderia ser sacrificante para o menino torna-se prazerozo e divertido.
O benefício vai além do simples exercício. Estudos comprovam que o contato com animais em casos como este fazem a auto-estima do paciente aumentar. Essa técnica acelera a recuperação com resultados satisfatórios.
Além de ajudar na cura de doenças e problemas físicos os animais podem ser úteis na educação das crianças. A visita de um cão numa escola, por exemplo, pode dar aos alunos a oportunidade de conhecer de perto o bicho e de aprender a lidar e respeitar o animal. Isto é a Atividade Assistida por Animais - AAA. Pode-se também realizar visitas monitoradas com animais a asilos ou centros de recuperação de menores.
Para que todos esses benefícios ocorram, é importante não esquecer da relevância da posse responsável. Tratar o animal com respeito e com carinho é fundamental para o sucesso da interação. O animal é um amigo do homem e muitas vezes um parceiro valioso, como vimos nos casos da TAA e da AAA.

Entrevista: "animais são a cura do século XXI"


imagem: Dennis TurnerEntrevista com Dennis Turner, presidente da IAHAIO - Associação Internacional das Organizações para a Interação Homem-AnimalProfessor de veterinária da Universidade de Zurique, Dennis Turner defende que a companhia de cães e gatos é essencial para a qualidade de vida do homem.
De que maneira conhecer o comportamento animal ajuda a melhorar a qualidade de vida das pessoas?
Conhecer as necessidades físicas e psicológicas de cães e gatos nos permite entendê-los e tratá-los melhor. Somente animais saudáveis e felizes podem ser boas companhias para o homem e contribuir para nossa qualidade de vida. é particularmente importante salvaguardar o bem-estar do animal engajado nos programas de terapia assistida (AAT), para beneficiar grupos específicos de pessoas com vários males ou problemas. Precisamos, por exemplo, reconhecer os sinais de estresse ou agitação - bastante diferentes em cães, gatos e outros animais de companhia - para não fazer o animal "trabalhar" demais nem colocar em risco o paciente.
O senhor defende que os animais domésticos trazem benefícios para a saúde e qualidade de vida do homem. Que tipo de benefícios e como isso é possível?
De várias maneiras. Vamos tomar como exemplo um cidadão comum, quer dizer, alguém que não sofra de uma doença ou deficiência e precise de terapia. Apenas a presença do animal de estimação pode reduzir a pressão sangüínea, o que é uma das justificativas para o alto índice de sobrevivência de donos de animais um ano depois de terem sido vítimas de ataque cardíaco. A outra explicação é óbvia e vale para todos os donos responsáveis de cães interessados em prevenir doenças cardíacas: mais exercício diário por conta das caminhadas com o animal pela vizinhança. Donos de animais de estimação geralmente têm baixo nível de colesterol, um dos fatores que pode levar a um ataque do coração. Um estudo publicado pelo British Journal da Royal Society of Medicine indica que, ao adquirir um cão ou gato, o dono reclama com menos freqüência de pequenos problemas de saúde e desfruta de melhor qualidade de vida do que pessoas sem animais de estimação. Este efeito dura, no mínimo, 10 meses depois da aquisição - que foi a duração da pesquisa - para os donos de cachorros. Logo, não estamos falando de um "efeito novidade" que vale apenas para um breve período de tempo depois da aquisição do animal. Pesquisas médicas de larga escala na Austrália concluíram que donos de animais de estimação se consultam com menor freqüência com clínicos gerais e requerem menos medicação do que as pessoas sem animal de estimação. O estudo que apresentarei na 9ª Conferência mostra que o dono de gato - e o de cachorro com menos intensidade - estão menos sujeitos a gastar dinheiro com saúde do que os 'sem-animal'. Já publiquei estudos que tratam de como o gato pode reduzir sentimentos de depressão, solidão e ansiedade - sentimentos que todos nós temos mais cedo ou mais tarde sem estar clinicamente doente. Animais de companhia também se mostraram bastante prestativos para crianças tanto em casa quanto na escola. Eles aumentam a auto-estima da criança, melhoram sua integração na sala de aula, incentivam o contato social com outras crianças e aumentam sua vontade de aprender. É por isso que vamos aprovar na conferência no Rio a Declaração da IAHAIO sobre Pets na Escola. E não podemos nos esquecer da parcela da população industrializada que mais cresce: os idosos. Muitos estudos têm demonstrado a importância e os benefícios do animal de companhia na terceira idade. Quanto aos grupos de pessoas com necessidades especiais que podem receber terapia assistida por animal ou participar de atividade assistida por animal (AAA), temos estudos que comprovam a utilidade - e, na maioria dos casos, o sucesso - do animal como co-terapeuta: doentes psíquicos que não se comunicam, crianças hiperativas ou agressivas, portadores da síndrome de Down, pacientes de Alzheimer, pacientes com problemas neurológicos e deficientes físicos.
Então, se alguém quiser baixar seu nível de colesterol, a única coisa que tem a fazer é ir a uma loja, comprar um cachorro e alimentá-lo todos os dias?
Não é simples assim. Nem estamos sugerindo que a companhia - e a terapia - de animais são a solução para todos os problemas. Ter cachorro, gato, passarinhos ou um aquário em casa, na sala de espera de uma clínica ou no hospital não vai produzir os efeitos benéficos desejados - à exceção de reduzir a pressão sangüínea de quem observa os animais, incluindo o peixe nadando no aquário. Por meio de pesquisas como a que apresentaremos no Rio começamos a entender como e por que essas relações acontecem. As teorias que atraem mais a atenção são de biofilia, ligação afetiva e apoio social. Antes de qualquer benefício tangível, uma relação social verdadeira - prefiro usar parceria, no caso de um animal de estimação e seu dono - deve se desenvolver. As relações normalmente começam com a observação do parceiro e depois a interação com ele em diferentes contextos. Quanto mais se aprende sobre o parceiro durante essas interações, melhor se pode atender às vontades e necessidades e maior a afeição e o respeito.
Até que ponto uma relação homem-animal pode ser considerada saudável para ambos?
Não há um padrão e as relações dependem mais da pessoa do que do animal. Podem ser intensas - o dono faz tudo para e pelo animal - ou quase inexistentes - o dono se limita a alimentá-lo. Muitos proprietários de animais de países industrializados consideram os animais de estimação parte da família e os tratam como tal. Seja como for, relações saudáveis respeitam a dignidade do animal. Uma relação se torna anormal e até patológica quando, por exemplo, há relações sexuais com o animal ou quando se comete qualquer outro tipo de crueldade (algumas das palestras vão tratar destes tópicos). Pessoalmente, considero errado apenas alimentar o animal e deixá-lo na rua durante o dia ou à noite. Nem o dono nem o animal se beneficiam desta relação.
O cachorro pode substituir o psiquiatra ou o anti-depressivo?
Minhas pesquisas com donos de gatos demonstram que os animais podem ajudar a tirar uma pessoa de ondas de depressão ou outros humores negativos. Vamos agora estender estas pesquisas a pacientes com depressão diagnosticada clinicamente. Mas eu diria que, se selecionados corretamente - no caso de cachorro, treinados - animais podem atuar como co-terapeutas sob a supervisão da equipe médica. Eles não podem nem devem substituir o psiquiatra, o psicoterapeuta, o clínico geral, o terapeuta ocupacional, mas complementar o trabalho destes profissionais oferecendo um método terapêutico adicional. E, se no decorrer da terapia, a dose de medicamento for reduzida, tanto melhor.
O senhor pode dar exemplos bem-sucedidos de terapia assistida por animais?
Existe agora um número de livros no mercado que oferecem muitos exemplos. Lembro-me do caso de um senhor afásico em um asilo. Ele não havia pronunciado uma palavra por anos até que o lugar adotou a AAT. Primeiro ele falou com os animais - com um gato, em especial - depois com os enfermeiros e finalmente com os outros idosos. Também me recordo da primeira vez em que dei consultoria para um asilo. Selecionei dois gatinhos para morar com os idosos. Sempre via os gatos na cama de uma senhora que estava no estágio final de câncer. Passados alguns meses da sua morte, recebi uma carta da filha me agradecendo por "ter feito valer a pena os últimos meses de vida da mãe, tornando-os mais suportáveis".
Como os médicos vêem a AAT?
Médicos que atuam em consultório particulares são mais receptivos ao uso de animais como co-terapeutas do que os hospitais e as clínicas. Eles sabem da importância dos animais por intermédio de conversas com seus pacientes. A administração de hospitais e clínicas resiste a tais programas argumentado questões de higiene e barulho. Uma vez informadas de que os animais estão sob supervisão de um veterinário e são bem treinados, instituições permitem a entrada de AAA/AAT para um período de experiência. A partir daí , eles testemunham os efeitos da companhia dos animais não apenas em seus pacientes, mas na equipe e acabam aprovando a continuação do programa. Infelizmente não há estatísticas disponíveis sobre o número de clínicas, hospitais, asilos que dispõe de AAA e AAT. Mas sabemos que de 20 a 30% dos psiquiatras e psicoterapeutas envolvem animais nas suas práticas.
O primeiro curso de pós-graduação vai ser ministrado em uma universidade no Japão. A terapia assistida por animais já é considerada um novo ramo da ciência?
O interesse pelos efeitos benéficos do animal de companhia começou na década de 60, nos Estados Unidos, depois que Boris Levinson e Sam e Elisabeth Corson publicaram observações iniciais em pacientes de um hospital psiquiátrico que recebia visitas de cachorros. A pesquisa na área também começou nos Estados Unidos, mas se espalhou rapidamente no Reino Unido e na Europa continental nos anos 80. Delta Society, nos Estados Unidos, e Sociedade para Estudos de Animais de Companhia (SCAS), na Inglaterra, foram as principais organizações. Delta é reconhecida pelo programa Pet Partners, que treina voluntários, donos de cachorros, para programas de visita a instituições e agora se dedica também a treinar os "animais de serviço". Na Europa, minha instituição, IEAP, foi a primeira a oferecer programas de educação contínua para profissionais (AAT) e voluntários (AAA). AAT vai ser ofertado como curso de pós-graduação a partir de abril na Universidade de Azabu, perto de Tóquio. Universidades nos Estados Unidos começam a oferecer cursos específicos para terapeutas ocupacionais, por exemplo. Publicações das comunidades científicas e médicas trazem estudos sobre o tema. A mais importante revista da área é Anthrozoís. Conselhos de pesquisa e institutos de saúde de vários países começam a financiar pesquisas sobre o tema. O campo está estabelecido, mas há muito para que se fazer e descobrir neste século.
De acordo com o Banco Mundial, 38,4% dos brasileiros são pobres. Com tanto investimento para fazer na área social, não parece luxo para o governo se preocupar com a questão animal?
IAHAIO nunca sugeriu que o governo deveria investir dinheiro em AAT; no máximo, que deveria apoiar pesquisas na área, mas especialmente que deveria abrir portas de várias instituições públicas e privadas para AAT e AAA alterando a regulamentação para permitir a entrada dos programas se estes forem operados profissionalmente. Implementar programas de AAT e AAA envolve custos para treinar pessoas e selecionar e treinar animais. Muitos programas são coordenados por fundações, portanto isentos de impostos, com doações da indústria privada e com indivíduos para treinar voluntários e seus animais de estimação, especialmente cachorros. Mas é impossível colocar uma etiqueta com preço em um programa sem saber quais os objetivos principais e o modus operandi.
Qual a população de cães e gatos errantes no mundo? Que perigo eles representam para a sociedade?
Desconheço o número total, mas é alto especialmente nos países desenvolvidos. No Brasil, há um cachorro para cada sete humanos e 10% deste total é de animais abandonados. Não há estimativas para gatos. Animais abandonados representam um grande problema para governo e sociedade pois podem ser portadores de doenças, barulhentos e fonte de poluição. E o bem-estar destes animais também é comprometido. Por isso organizações de bem-estar animal como Sociedade Internacional para Proteção Animal (WSPA), em Londres, Sociedade Internacional Humanitária (HSI), em Washington, e Arca Brasil, entidade membro da IAHAIO, em São Paulo, se dedicam a resolver estes problemas promovendo a posse responsável, informado o público sobre a importância dos animais para nossa saúde e qualidade de vida e ensinado às crianças sobre comportamento e cuidados apropriados dos animais. A Organização Mundial da Saúde (OMS), WSPA, Arca e IAHAIO vão promover o programa de treinamento "Zoonoses e Interações Homem-Animal" em São Paulo depois da conferência no Rio, o que indica que estamos todos empenhados em resolver o problema e cães e gatos abandonados.
Qual o papel dos animais em nossa vida? Podemos dizer que eles são a cura do século 21?
Cresci com cachorros e, por conta das minhas inúmeras viagens pelo mundo, tenho apenas dois gatos que são um grande conforto para mim quando estou em casa - são como uma família. O animal de companhia não é "a" cura para todos os problemas, mas eles certamente terão um papel cada vez mais significativo em nossas vidas.

http://www.arcabrasil.org.br






TERAPIA É O BICHO


Essa terapia é o bicho
Estudos comprovam que donos de animais de estimação vivem mais e melhor. Se é assim, por que não usar esses dóceis bichinhos para ajudar as pessoas a ter mais saúde e bem-estar? Essa é a idéia da 'pet terapia', um método de tratamento que faz muito sucesso na terceira idade 
POR ROSANA FARIA DE FREITAS 


Um estudo publicado no conceituado American Journal of Cardiology, dos Estados Unidos (EUA), mostrou que o convívio com animais ajuda a controlar o estresse, diminui a pressão arterial e reduz o risco de problemas cardiovasculares. Pesquisas médicas realizadas na Austrália, por sua vez, concluíram que os donos de bichos fazem consultas com menor freqüência a clínicos gerais e requerem menos medicação do que as outras pessoas. Não acabou, não: são incontáveis os trabalhos científicos que apontam o quanto a interação do homem com o animal é capaz de reduzir problemas como depressão, ansiedade e solidão.
Agora tente relacionar esses dados com a realidade dos idosos no Brasil. Não são poucos os indivíduos que chegam à terceira idade sem uma atividade que os mantenha ocupados e, pior, sem um acolhimento familiar que lhes garanta o mínimo de atenção, cuidado e afeto. "Vivemos em uma sociedade que está envelhecendo e, mais que isso, por força das circunstâncias, as famílias são menores e há uma rejeição ao idoso. Seus contatos sociais se reduzem, ele vive, muitas vezes, isolado e acaba se sentindo inútil perante o mundo.
O animal de estimação vem suprir essas carências, trazer novas responsabilidades e facilitar a comunicação com as pessoas", observa a médica veterinária Hannelore Fuchs (SP), mestre e doutora em psicologia, especialista em comportamento animal e zooterapia. A psicóloga e psicanalista formada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), do Rio de Janeiro, Sara Gradel, concorda. Para ela, a grande e mais importante função do pet é estabelecer uma relação afetiva. "O bicho passa a substituir uma companhia, como a presença de um filho."
RELAÇÃO DE AMIZADE COM OS MASCOTES PRODUZ EFEITOS TERAPÊUTICOS APÓS OS 60 ANOS. MAS ELA TEM LIMITES
Ganhos para a saúde
Vários benefícios para o bem-estar físico e mental já foram comprovados, como diminuição da pressão sangüínea e da freqüência cardíaca, melhora do sistema imunológico, da capacidade motora e da auto-estima, incremento da interação social e, por fim, até uma ação calmante e antidepressiva. Muitas vezes, a simples presença do animal estimula processos cognitivos, ajuda a relembrar fatos do passado, dá força para enfrentar tratamentos dolorosos e desconfortáveis e favorece a recuperação física. "Todas as doenças de origem psíquica e as decorrentes do processo de envelhecimento podem ser atenuadas - como o mal de Alzheimer, outros tipos de demência senil, depressão e artrite", explica a veterinária Hannelore.
Vale observar que adotar um bicho de estimação que exija dedicação diária mexe com a rotina - o que só traz vantagens para os idosos. Os cuidados necessários demandam um mínimo de exercício físico - e, no caso dos donos de cães, umas boas caminhadas diárias. A cabeça igualmente sai ganhando. "Pesquisadores da África do Sul comprovaram que o convívio com animais ativa a liberação de diferentes hormônios e neurotransmissores - como endorfina, dopamina, prolactina e oxitocina -, razão pela qual auxilia na diminuição do estresse", explica Vinicius Fava Ribeiro, fisioterapeuta da Organização Brasileira de Interação Homem-Animal Cão Coração (Obihacc) e da Terapia Assistida por Cães (TAC). Outro estudo desenvolvido pelo Journal of the American Association of Human-Animal Bond Veterinarian (EUA) mostra que a interação entre humanos e cães detona em ambos alterações hormonais que afetam o nível de endorfinas e outras substâncias pelo período de 15 minutos. A liberação desses componentes diminui a ação do cortisol, o hormônio do estresse, provocando sensações de bem-estar.
Segundo Sara Gradel, quando o idoso é acometido por doenças cerebrais em que há destruição de células - como no derrame - o animal pode funcionar como um grande estímulo para amenizar as seqüelas e acelerar a recuperação da fala e dos movimentos, por exemplo.



Instinto e auto-estima
.As razões para se aderir à 'pet terapia' são inúmeras. Em primeiro lugar, esse tratamento coloca o homem em contato com a natureza animal e faz despertar no paciente características como instinto e lealdade. Em segundo, é possível vivenciar uma relação baseada na confiança e no amor incondicional - o que, entre seres humanos, é mais raro. Não importa o que o dono faça ou diga, o bicho estará sempre ali para receber e dar atenção. Em resumo, ele não julga, não cobra e não pretende controlar, não há segundas intenções.
A proximidade entre um e outro é outra singularidade a considerar. O cãozinho se deixa tocar e acariciar, e está sempre pronto para mostrar sua satisfação, sua entrega, seu afeto. Se as pessoas de uma maneira geral precisam desse contato íntimo, que dirá um idoso carente e solitário. Dar e receber um afago, um chamego, um cafuné produz um efeito terapêutico. Além disso, é muito difícil sair para passear com um cachorro, por exemplo, e não ser abordado por alguém querendo brincar ou saber algo sobre ele. O círculo social aumenta, o mundo se amplia", observa o especialista Vinicius Ribeiro da TAC.
E tem mais: é fácil notar que o contato com o animal proporciona melhora da auto-estima, pela relação carinhosa estabelecida e também pelo fato de despertar o senso de responsabilidade. Os mais velhos se sentem úteis e valorizados, pois há alguém ali que precisa deles, de sua atenção e cuidados. "Eles passam a se perceber importantes novamente, o que é maravilhoso", diz a especialista em comportamento animal Hannelore.
INDEPENDENTEMENTE DA ESCOLHA, TODOS OS ANIMAIS DEVEM CONTAR COM UM RÍGIDO CONTROLE VETERINÁRIO - QUE INCLUI CUIDADOS BÁSICOS DE HIGIENE, VACINAÇÃO E MEDICAÇÃO PREVENTIVA, COMO REMÉDIOS ANTIVERMES E ANTIPULGAS

MOMENTO DE DECISÃO
Na hora de escolher que animal de estimação adotar, que critérios devem ser considerados? Imaginando que o idoso não precisa apenas de companhia e tem alguns problemas de saúde, existem bichos indicados para doenças específicas? A resposta a essas perguntas é difícil. Há quem afirme que os animais são terapeutas "generalistas", isto é, seu "trabalho" serviria a vários propósitos. Seguindo esse raciocínio, o mais importante é o estabelecimento de uma relação verdadeira entre ambos, que começa com a observação e depois evolui para a interação em diferentes contextos. Em resumo, a idéia não é ser proprietário de um bicho, agir como dono, e sim dar e receber, estar pronto e aberto para conviver com o bichinho. "O essencial é a pessoa formar um vínculo de amizade, não importa com qual espécie. Há quem goste de pássaros, peixes, pequenos roedores, cavalos, gatos, cães...", acredita Hannelore.
Mas é claro que, independentemente do quão "generalista" possa ser a 'pet terapia', os bichanos têm suas particularidades. Enquanto os cães domésticos são dóceis, carinhosos e carentes, os gatos já são seres mais independentes e ariscos. Os peixes, por outro lado, são excelentes "tranqüilizantes" - não é à toa, por exemplo, que há tantos consultórios dentários com aquários. Já reparou? É uma forma de acalmar os pacientes na sala de espera. A simples observação de peixes relaxa, a ponto de a pressão sangüínea diminuir - e isso já foi comprovado pela Associação Internacional das Organizações para a Interação Homem- Animal (Iahaio). Boa alternativa, então, para os hipertensos. De qualquer forma, a médica veterinária defende que não é preciso se preocupar com "bichos específicos para esta ou aquela doença", o que vale sempre é a tal da interação entre donos e bichos.
Por isso, na hora da decisão, é recomendável usar o bom senso. Caso o bicho em questão seja um cachorro, uma saída é optar por raças que tenham comportamento parecido com o do dono. Cães pequenos e ágeis são mais indicados como companheiros de idosos ativos, enquanto os maiores e mais tranqüilos se darão harmoniosamente com as pessoas mais calmas. Para este público, aliás, os gatos também são bons companheiros, especialmente aqueles que gostam de ficar no colo, como o persa.




Por uma amizade saudável

Segundo os especialistas, há um limite na relação de companheirismo entre homem e bicho para que ela não produza um efeito contrário à saúde. Para isso, o idoso não deve se apoiar de tal forma no animal que os outros relacionamentos - com pessoas da família, amigos - acabem perdendo a importância. Também é normal o animal suprir as carências do dono - e por isso a quantidade de carinho, atenção e amor vai depender da necessidade de cada um. Porém, esse contato não deve virar uma obsessão. Quanto à tendência de "humanizar" o animal, o que prevalece é o bom senso. Da mesma forma que há pessoas que se limitam a alimentar o bicho no quintal de casa e são incapazes de estabelecer um vínculo, outras o chamam de "filho". Tratar o mascote como " membro da família", interagir com ele, deixálo fazer parte do cotidiano, nada disso é prejudicial, pelo contrário. Desde que seja uma relação saudável, obviamente. "Também é preciso estar preparado para o luto. Se o mascote falecer, deixar o dono viver a tristeza e, na medida do possível, providenciar para que haja uma transferência afetiva para outro bicho", aconselha a psicóloga e psicanalista Sara Gradel (RJ).







Terapia animal
Depois de ajudar doentes de depressão e câncer, cães agora são usados no tratamento de Alzheimer
MAÍRA TERMERO 
Há alguns anos cães-terapeutas vêm sendo levados a hospitais, asilos ou à casa de doentes em todo o mundo para auxiliar no tratamento de males como depressão e câncer. No Brasil, o uso de animais no tratamento de Alzheimer é novidade. Mas um estudo, em andamento no Hospital Universitário de Brasília (HUB)desde março, sob a coordenação das veterinárias Damaris Rizzo, Esther Odenthal e Renata Guina, apresenta resultados animadores. O golden retriever Barney e o bernês Ventus, que receberam treinamento especial, vão semanalmente ao Centro de Referência para os Portadores da Doença de Alzheimer para brincar com bola, dar e ganhar carinho. Cada grupo de dez idosos recebe a visita canina durante oito semanas.

Esse tipo de terapia, de início relegada à prateleira das 'alternativas', já ocupa seu lugar na Ciência. A ONG americana Delta Society, dedicada à terapia animal assistida, reúne em seu site mais de cem estudos sobre o assunto. Omais significativo foi publicado em 1995, no American Journal of Cardiology, e prova que o convívio com animais ajuda a controlar o stress, diminui a pressão arterial e reduz os riscos de problemas cardiovasculares. Outras nove pesquisas tratam do mal de Alzheimer. A mais recente, de dezembro de 2003, foi feita nos Estados Unidos com 15 portadores da doença. Eles tiveram melhoras expressivas na interação social e ficaram menos agitados. 
A presença do animal muda o humor e exercita a memória
Em Brasília, as sessões do tratamento começam com uma conversa com as pesquisadoras. Elas perguntam aos pacientes detalhes do encontro anterior - já que a perda da memória recente é o sintoma mais marcante dessa doença degenerativa, que não tem cura. 'Eles sempre dizem que não se lembram de mim, mas, dos cachorros, guardam até o nome', diz Renata.

O ato de jogar uma bola para Barney pegar já é uma atividade física para os idosos. Escovar os pêlos de Ventus ajuda na fisioterapia. O estudo só será concluído em março do ano que vem, mas os pacientes celebram desde já pequenas vitórias contra a doença. 'Meu marido era um militar muito ativo que se isolou depois do diagnóstico. Agora ele acorda arrumado para vir para a terapia e quer levar o Barney para casa', conta Isa Alves, mulher de Arnaldo de Oliveira, de 75 anos. 'No caso dessa doença em que a tristeza é uma marca, os cães são uma alegria grande', diz o geriatra Renato Maia, do HUB.

Apesar dos benefícios observados, a pet terapia ainda enfrenta resistência no meio médico. A dificuldade maior é demonstrar que os cães podem entrar num hospital sem transmitir doenças. Uma saída foi apresentada pelos japoneses em janeiro: eles começaram a usar robôs no lugar dos animais. O experimento testou a relação do robô-cachorro Aibo com pacientes com demência severa, e eles apresentaram melhora na comunicação. Higiene resolvida, resta o problema do custo: uma versão do Aibo custa cerca de US$ 1.500. Além disso, não se sabe se os robôs são tão eficientes quanto os animais de verdade em casos que exigem outros tipos de interação com os pacientes.


eu meu gato leo e meu cachorro Neguinho 

















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